Friday, August 6, 2021

Ensinar NÃO IMPLICA aprender!!!

Vez por outra, nos idos dos meus mais de vinte anos de sala de aula, me deparo com esse pensamento; sementinha plantada lá na época do Cambridge CELTA.

A pandemia impôs a alunos e professores, dentre vários, um modelo educacional que os governantes estão chamando de “híbrido”, eu prefiro chamar de síncrono – ensino híbrido é algo muito mais complexo. Pois bem, neste modelo, temos alguns alunos em ambiente escolar e alguns participando de forma remota. O professor fica na sala física e deve atender às demandas tanto de quem está presencial quanto de quem está on-line. Parece um programa de auditório com participação dos telespectadores ao vivo.

São muitas variáveis para equilibrar: microfone, olho no chat, olho na câmera, monitorar os alunos do presencial, não esquecer de envolver os do virtual. Não é fácil. Nem para o professor, nem para ambos os alunos, do presencial e do remoto. Mas não é impossível.

Incomoda-me bastante aquele professor que se esconde atrás da justificativa de que o “modelo híbrido (sic) não funciona, pois não consigo controlar o que os meus alunos estão fazendo” e que justifica a sua não habilidade em montar uma aula que atinja os objetivos conforme sua clientela, responsabilizando um meio de comunicação. Abordagens, métodos, técnicas e recursos existem para serem aplicados aos vários cenários, conforme demanda e contexto. Não existe esse negócio de “one size fits all”.

Planejar uma aula requer, além de conhecimento sobre o objetivo de aprendizagem, conhecimento sobre os alunos. Saber quem são, o que querem, porque estão ali, como aprendem e quais meios existem para ajudar a incluí-los no processo são condição sine qua non de um bom planejamento e, por consequência, de uma boa entrega de aula.

O professor que quer gerar aprendizado planeja. Mil turmas que sejam, com o mesmo conteúdo, serão mil planos de aula diferentes. Justamente porque ensinar não implica aprender, pois cada aluno é único em seu processo. Sendo assim, cabe ao professor conhecer as possibilidades, desde os estilos de aprendizado individuais até as variações de interação, e oferecer aos alunos as ferramentas necessárias para alcançar os objetivos de aprendizagem sinalizados naquela aula.

Objetivos de aprendizagem por si só não vão fazer os alunos aprenderem. Na verdade, o que vejo muito nas aulas, ultimamente, são objetivos de “ensinagem”. O professor lista vários itens que gostaria de ensinar, acreditando que uma palestra genérica vai permitir que seu dever seja cumprido.

Não ensinamos conteúdos, ensinamos a alunos. Por isso, conhecer a audiência é mais importante do que saber manejar o meio de interação. Por isso, não cabe ao professor julgar as condições de participação dos alunos e, sim, encontrar maneiras de envolvê-los conforme seus contextos. Por isso, fazemos mil planos, trocamos de técnicas, buscamos novidades e estamos em constante atualização.

Ensinar não implica aprender. Envolver os alunos e despertar neles o interesse, sim. Em tempos de pandemia, então, planejar uma aula pode ser visto como um ato de empatia aos alunos, acolhendo-os em seus diversos contextos.

Prix. =)

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